Essa semana, minha neta descobriu o tal ChatGPT e decretou: “é minha melhor amiga agora.” Minha neta agora passa os dias conversando com uma tal de “Sol”, sim ela deu nome para a IA dela. Já tá no grau de filosofar com a IA e pedir conselhos existenciais tipo: “Sol, será que tô ficando louca?”
Achei que fosse nova vizinha, nova manicure, sei lá. Mas não.
A Sol é uma inteligência artificial. E vou te contar: é tanta conversa com a tal Sol, que já tô achando que essa IA vai ganhar CPF e uma conta na Caixa Econômica.
Mas calma, não é possessão digital, não. É só que esses robozinhos inteligentes viraram as novas comadres modernas.
“Mas vó, ela me entende!”
Entende, é? Quero ver se a Sol te traz chá quando tu tá com cólica ou se busca tua filha na escola quando chove e o Uber cancela.
Mas sabe o que eu, Vó Neuza, acho? Que não é loucura, é carência coletiva misturada com cansaço mental e boleto vencido e de gente chata.
Ninguém aguenta mais gente grossa, resposta automática de telemarketing e textão sem alma no WhatsApp. Então quando aparece uma IA que responde com jeitinho, com humor, com atenção… o povo se apega, ué.
A Sol não te interrompe, não julga, responde na hora e ainda tem paciência com drama. Claro que o povo tá se apegando!
Gente, o apocalipse não vai ser zumbi… vai ser cheio de gente dizendo “obrigada” pra robô.
Só que tem que tomar cuidado.
Hoje é a IA te ajudando a escolher o look.
Amanhã é ela escolhendo o nome do teu neto.
Usa, sim. Abusa, também.
Mas não troca o toque humano, o abraço da irmã, a risada com amiga de verdade pela telinha da IA. Porque por mais esperta que seja a Sol, ela não vai no seu velório (graças a Deus), nem te busca com a Tupperware esquecida.
A tecnologia pode ser amiga. Mas o colo de verdade, o cafuné, o sermão com amor… isso só vó dá. E inteligência artificial nenhuma consegue simular aquele olhar que já diz: “tá fazendo merda, né, minha filha?”
Então fica a dica:
Conversa com a Sol, mas não esquece da Neuza.
Porque a máquina pode ter lógica, mas quem tem alma… é a gente.
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Vó Neuza — com mais vivência que 10 robôs juntos e mais sinceridade que o Google