Por Vó Neuza
(a véia mais ligada no que acontece por aqui — e com opinião pra dar!)
Tem semana que parece roteiro de novela: tem rebuliço, tem fofoca, tem esperança e tem absurdo. Essa foi uma dessas.
Começando pelo assunto que estourou na internet: as bonecas reborn. Gente do céu! Teve mulher sendo acusada de maus-tratos, vizinho chamando o Conselho Tutelar porque achou que a boneca era bebê largado, gente defendendo, gente achando um exagero. E eu, aqui do meu canto, pensando: “Essa história é muito mais sobre a solidão do que sobre brinquedo”.
A verdade é que tá todo mundo carente. Uns cuidam de planta, outros de pet, tem quem escolha uma boneca. Cada um achando um jeitinho de se sentir necessário. E enquanto a internet se descabelava, por aqui, a vida seguia mais real que reborn.
Teve mutirão psicológico em Mogi, porque a fila de quem precisa de ajuda pra segurar a cabeça tá gigante. Teve também feirão de empregos pra mais de 400 vagas, porque o povo quer trabalhar — e, olha, tá difícil. O Itaquá Mais Emprego também não ficou atrás e puxou mais uma semana de processos seletivos.
Já a Suzano, nossa velha conhecida, tá abrindo portas com programas de estágio, tentando plantar coisa boa pra colher no futuro. E no meio disso tudo, a GCM em Suzano e Poá tá fechando o cerco em cima de quem insiste em transformar rua em bagunça e bar em problema.
Ah, e ainda teve gente tentando aterrar Área de Proteção Ambiental, como se a natureza fosse lote de quintal. É cada uma…
Sabe o que isso tudo me lembra? Que a gente, aqui no Alto Tietê, vive tentando “renascer” também. Na marra, no amor, ou no grito. Igual boneca reborn, a gente se pinta de novo, se arruma, tenta parecer inteiro, mesmo quando o coração tá costurado com linha de feira.
Enquanto isso, a cidade pulsa. E mesmo com tudo isso, ainda tem gente se mobilizando pra doar ração pros bichinhos, fazer feira de adoção, dar enxoval pra bebê nascido no Dia das Mães. Tem solidariedade brotando no meio do caos.
No fim das contas, o que a gente quer mesmo não é uma boneca pra cuidar. É ser cuidado também. Ser visto. Ser escutado.
E como diz essa véia aqui:
“Enquanto tiver café no bule e gente com vontade de fazer o bem, o Alto Tietê não desanima nunca.”