Essa semana eu acordei pensando: será que é comigo ou o mundo desandou de vez? Porque olha… quando eu era moça, bandido se escondia. Hoje em dia, ele abre cassino no centro da cidade e ainda serve café!
É tanto de absurdo normalizado: cassino funcionando no centro, gente tentando roubar andaime em plena luz do dia, e a prefeitura decretando luto pra Papa Francisco como se ele morasse ali na Vila Lavínia.
Em Mogi das Cruzes, a PM estourou um cassino clandestino com 60 máquinas caça-níqueis e 35 adultos jogando como se fosse bingo da igreja. Teve também tentativa de furto em obra fechada — os caras pularam o portão e ainda separaram o material com calma, como se tivessem comprado no cartão parcelado.
Enquanto isso, a Prefeitura decretou luto oficial pela morte do Papa Francisco, que, com todo respeito, morreu no Vaticano, era argentino e provavelmente nem sabia onde ficava Jundiapeba. Mas quem sou eu pra julgar, né? Vai ver era fã.
Pra completar, uma bebê nasceu no banco do carro lá em Suzano, porque a mãe não teve tempo de chegar ao hospital. Sorte que os guardas municipais viraram parteira, porque no Brasil, o povo se vira — é salva-vida, bombeiro e psicólogo, tudo num uniforme só.
Agora me responde com sinceridade: como é que a gente ensina pras crianças que vale a pena ser honesto, trabalhador e respeitar regra, se o exemplo vem todo torto? E o pior: vem de cima, de baixo, dos lados… de todo canto.
Mas sabe o que mais me assusta?
Não é o crime. É o costume.
É o povo achar normal. É virar piada.
É rir e repostar como se fosse só mais uma quinta-feira no Brasil.
No meio disso tudo, quem tenta fazer o certo vira bobo. Ou chato. Ou os dois.
Mas sigo aqui, firme. Porque ser decente pode até ser difícil… mas dormir com a consciência limpa ainda é o melhor travesseiro.
Beijo da vó,
Neuza